Não é só mais um manifesto contra o machismo.
É um manifesto contra a falta de: humanismo, decência, empatia, compaixão e amor.
Um dia eu acreditei. Acreditei que hoje o machismo estava apenas nos resquícios da educação paternalista de séculos. Que sim, havia um machismo – mesmo que inconsciente e disfarçado – em boa parte da população, mas algo brando, que desapareceria com o passar das gerações. Que aquela coisa abominável do mundo das trevas era restrita a uma minoria de pessoas sem caráter e só. Mas me enganei.
Ontem li a história de uma moça, relatando que ela havia sido agarrada e beijada por um professor e (ex) orientador sem consentimento. Na ocasião ela fazia doutorado, e além da óbvia perseguição que sofreu por parte do professor em questão, foi perseguida pela coordenadoria do curso. Tentou denunciar o professor à coordenadoria, sendo humilhada, ofendida e desrespeitada publicamente. Não só foi ridicularizada e acusada de mentirosa, como foi ainda ameaçada. A história e longa, e resumindo, ela resolveu raspar o cabelo e largar o doutorado (a 7 dias de defender a tese) como forma de protesto (além de tudo que ela já havia tentado fazer).
Aí eu resolvi ler os comentários ao post. E eis com alguns dos quais me deparei (desculpem pela qualidade da imagem, fui copiando e colando no Paint mesmo):
Não vou nem tecer comentários sobre os comentários, porque senão ficaria escrevendo o dia inteiro.
Só digo uma coisa: essa luta não é das mulheres oprimidas, é de todas as mulheres e homens também! Isso não denuncia apenas machismo. O buraco é muito mais embaixo: corrupção, falta de amor, falta de respeito, falta de caráter. É apenas uma faceta da podridão da sociedade. E quem quer viver num mundo assim?
Pra vocês terem noção, uma pessoa que fez um desses comentários era pastor (de acordo com o perfil dele no Facebook, que pode não ser verídico, claro). Não estou criticando religião nenhuma aqui. Apenas atentando para o fato de que são pessoas comuns. Não são necessariamente bandidos, como muitas pessoas poderiam esperar. Pode ser seu vizinho, seu parente, seu colega... qualquer um! Pensamentos desse tipo podem estar na pessoa que você menos espera.
Isso tudo me gerou uma revolta tão grande! Gerou incredulidade, desesperança, medo, revolta, nojo, mas gerou algo a mais: a certeza que não devemos ficar caladas, a certeza de que algo precisa ser feito aqui e agora. Por enquanto este é o meu desabafo, esta é a minha denúncia. Quem sabe um dia, quanto eu tiver dinheiro, eu faça uma ONG, ou algo assim. Por coincidência, ontem minha mãe fez uma intervenção urbana (de arte contemporânea) na cidade, contando relatos de mulheres que vivenciaram o machismo. Registros dessa intervenção podem ser vistos na página dela ( https://www.facebook.com/rosina.defranceschi?fref=ts ).
Pra finalizar: quantos likes/comentários será que vou receber? Não sei, mas com certeza menos do que se meu post fosse um selfie.
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